domingo, 2 de fevereiro de 2014

De olhares...

Pelo menos te roubei aquele beijo. "Seu nome perdido comigo em alguma gaveta..."


Hmm, desconcertante olhar
de profundo sentir
profundo beijar
profundo castanho-negro
escuro e brilhante
debruçando-se à beira do meu,
sem pudor, aquele das palavras.

Olhaste assim, sempre?
É assim que sempre olhas?
Olhar que não se vela
Como se vela o que dizes com a boca.
Véus, pra quê servem
que prendem as palavras ainda
na garganta, nos pulmões até?

Emaranhado de teias
que queria ver arrancadas
deixando passar o que
o olhar me grita.
No entanto receio
se percebo o murmúrio.

Não quero o cristal quebrado do olhar
esfacelado frio sem sentido
morto
Prefiro o desvario e o desespero
desse olhar rasgado, perdido
debruçando-se no tal abismo
enlouquecido
SEMPRE-VIVO.

(1989/90, em um ônibus da Útil, voltando do Rio para Juiz de Fora)



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