Há quem passe assim seus dias, como almas-buraco-negro. Absorvem tudo que tocam, se adensam e se vão. Seguem em frente cumprindo o desígnio a que se propõem todos os dias ao se levantarem de seus féretros. Percebem ou não o desastre ao redor de si, a antropofagia que os nutre, os há dos dois jeitos. Bem o sei. De um ou de outro jeito, é inefável seu destino: destruição por todo lado que olharem, aridez, ausência de recurso no final. Qual será o fim de um buraco negro? Uma imensa explosão? Um mísero “puf”? O não-som? Não arrisco.
Não é com amargura que me vem essa reflexão. É com a alma iluminada por tons e cores de vida. Toda vida é mestra. Grata por ter estado em face e em frente, por conhecer lados e vertentes desafiadores. Por resvalar, ora no abismo, ora no limbo. E por sempre deles escapar. Certeza de agregar percepção, de desistir de olhar para a escuridão procurando luz. A cor ao meu redor existe, reconheço. O movimento é para frente, com os braços abertos, e jorram cores em jatos iluminados, em fios que brilham enlaçando e costurando alianças que libertam.
Sereno que cai. Não saia no sereno, menina. Agasalhe-se e cubra os pensamentos, leve-os bem acolhidos e aconchegados. Daqui a pouco será dia de novo, e nessa hora verá outros braços recheados de sons e cores que junto das suas serão jardim. Serena.
Como flor de lótus, cuja semente passa anos a fio no escondido da lama, e de repente brota, e da lama sai a flor em ascensão, em direção ao céu e à luz...
ResponderExcluirE você, parou de publicar? Vamos continuar, hein? Tenho pensado muito em você, encontrando essa mulherada aqui... e não se esqueça de proteger e aquecer seus pensamentos.
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